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Polo aquático do Brasil tem o seu Neymar. E ele carrega fama de artilheiro

Flavio Perez/Divulgação
Gustavo Grummy é atleta do Sesi-SP e da seleção brasileira imagem: Flavio Perez/Divulgação

Fábio Aleixo

Do UOL, em São Paulo

Ele  é jovem, joga com o número 11, atua pelo lado esquerdo, é artilheiro, defende a seleção brasileira e sonha em conquistar uma medalha nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.  A descrição com certeza traz à lembrança a imagem de Neymar. Mas ela se encaixa perfeitamente a um atleta que faz sucesso nas piscinas e tem nas mãos o seu principal ganha-pão.

O esportista em questão é Gustavo Grummy, jogador da seleção brasileira de polo aquático que já ostenta em seu currículo mais de 1.500 gols em partidas oficiais desde que começou a praticar a modalidade, quando tinha apenas sete anos de idade. Hoje, aos 21, é um dos destaques da equipe nacional e candidato a astro ao longo dos próximos ciclos olímpicos.

Em 2014, foi vice-artilheiro do Troféu Brasil e da Liga Nacional, e artilheiro do Campeonato Paulista. Não à toa, já é conhecido como o “Neymar do polo”, ainda que não seja atualmente o maior craque da equipe nacional, posto que pertence a Felipe Perrone, nem brigue pelo título de melhor do mundo. A comparação começou bem mais pela sua precocidade. Com 16 anos, foi convocado pela primeira vez para a equipe nacional. Isso foi em 2010, mesmo ano em que Neymar estreou com a camisa verde e amarela.

“A época que o Neymar estava despontando foi a mesma época que comecei a me destacar e entrar na seleção brasileira e então começaram as brincadeiras. É daí que vem este apelido. É , para mim, é uma honra ser comparado a ele. Sou muito fã dele por tudo o que representa e já conseguiu na carreira mesmo sendo jovem. Nunca tive a oportunidade de conhecê-lo, mas gostaria muito. Quem sabe a gente não se encontra na Olimpíada de 2016?”, disse Grummy.

Nascido e criado em uma família de esportistas, Grummy tem em quem se inspirar para sonhar com voos altos na carreira. Seu avô, João Gonçalves Filho, foi uma das figuras mais representativas do esporte olímpico brasileiro. Esteve presente em sete edições dos Jogos, sendo cinco como atleta e dois como treinador. E isso em três modalidades diferentes.

Em Helsinque-1952 e Melbourne-1956, participou das provas de natação. Em Roma-1968, Tóquio-1964 e Cidade do México-1968 defendeu a seleção de polo aquático. Nesta última, inclusive, foi o porta-bandeira do Brasil na cerimônia de abertura e também participou das competições de natação. Em Barcelona-1992  e Atlanta-1996, foi o técnico da equipe de judô.  Morreu no dia 27 de junho de 2010, aos 75 anos.

Arquivo Pessoal
Avô de Grummy, João Gonçalves Filho foi o porta-bandeira do Brasil na Olimpíada de 1968 imagem: Arquivo Pessoal

“O meu avô é um ídolo para mim, ele era muito próximo e me ensinou muitas coisas. Ele observava meus treinos e sempre passava um feedback. Aprendi muito”, afirmou Grummy, cujo o pai Gilberto Marques de Freitas Guimarães Junior também foi atleta da seleção brasileira, pela qual ganhou a medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos de Indianápolis (EUA), em 1987.

“O gosto pelo polo vem de berço, um esporte que sempre fez parte da minha formação. Mas antes de me dedicar exclusivamente ele, me arrisquei em outras modalidades. Tentei o futebol, mas não tinha o talento do Neymar e pulei fora. Fui para a natação, mas não me agradava. Brincava de handebol e também fiz levantamento de peso. Em 2001, meu irmão foi para o polo e fui com ele”, disse Gruumy, que defendeu o Pinheiros até o fim de 2009.  Em 2010, passou a jogar pelo Sesi-SP, clube no qual está até hoje. Por alguns períodos em 2009, também defendeu o Club Atlético Barceloneta, da Espanha.

Antes da disputa dos Jogos Olímpicos do Rio, no qual a seleção estar garantida pelo fato de o Brasil ser o país-sede, Grummy quer mesmo o título dos Jogos Pan-Americanos, que serão realizados em julho em Toronto (CAN). Em Guadalajara (MEX)-2011, ele esteve presente na campanha que valeu a medalha de bronze.

“Estamos indo com o objetivo claro de ganhar o ouro, estamos trabalhando forte para isso. Nossa equipe vem evoluindo bastante nos últimos anos. O Ratko Rudic (treinador croata que assumiu o comando da seleção no fim de 2013) vem fazendo um trabalho bem diferenciado, com foco na questão física e algumas coisas diferentes no jogo. Quem sabe não sou o segundo da família a conseguir o ouro Pan-Americano, repetindo o que meu avô fez em 1963?”, disse Grummy.

Artilheiro mantém arquivo de gols

Os mais de 1.500 gols que Grummy conseguiu marcar em 14 anos como atleta de polo aquático chamam a atenção. O número, porém, não é fruto de nenhuma estimativa. Desde que começou a jogar, o atleta mantém um arquivo com todas as partidas que disputou, os adversários e a quantidade de gols marcados. O registro é atualizado por ele mesmo ao fim de cada jogo.

“Quando eu comecei a jogar me disseram; ‘seu avô jogou por tanto tempo e nunca anotou nada, não tem nenhum registro, por que você não marca seus gols". Então, comecei a anotar por curiosidade. Posso ter perdido um gol ou outro do começo de carreira, mas nos últimos tempos atualizo frequentemente”, disse Grummy.


 

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