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Filho de Cabral assume Esporte no RJ e rompe promessa de pai a atletas

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

O filho do ex-governador Sergio Cabral, Marco Antônio Cabral (23 anos), assumiu na segunda-feira (5) a SEEL (Secretaria Estadual de Esporte, Lazer e Juventude) do Rio de Janeiro. E logo após a cerimônia de sua posse, ele mudou o prazo para cumprimento de uma das principais promessas feitas por seu pai à comunidade esportiva fluminense.

De acordo com Marco Antônio, o Estádio Célio de Barros, principal espaço para a prática de atletismo do Estado do Rio, só será reaberto para atletas no final de 2018.

A data contradiz o compromisso assumido pela gestão Cabral ainda em 2013. Dias depois de o então governador anunciar que o estádio de atletismo seria reconstruído, o antecessor de Marco Antônio na SEEL, André Lazaroni, afirmou que o Célio de Barros seria reaberto antes da Olimpíada de 2016.

Isso, segundo Marco Antônio Cabral, não vai mais ocorrer. “O Célio de Barros é um compromisso do governador Sergio Cabral e vai ser entregue a todos os praticantes de atletismo do Estado do Rio de Janeiro no final da gestão do Pezão [final de 2018]”, declarou o novo secretário, ao UOL Esporte. “Ainda não temos a data definitiva.”

O Célio de Barros está fechado desde o início de 2013. Vizinho do Maracanã, o estádio de atletismo virou parte do canteiro de obras da reforma da arena da final da Copa de 2014 e nunca mais pôde ser usado por esportistas.

Por causa da reforma do Maracanã, a pista do Célio de Barros foi destruída. Recebeu uma cobertura de asfalto e passou a ser usada como estacionamento. Enquanto isso, atletas cariocas e integrantes de projetos esportivos realizados no Célio de Barros reclamam de falta de lugar para treinar.

Parte desses atletas e esportistas amadores agora faz parte da AACB (Associação dos Atletas e Amigos do Célio de Barros), entidade que defende a reabertura imediata no estádio. “Reabrir o Célio de Barros no fim de 2018 não nos atende”, disse o secretário-geral da AACB, Daniel Gonçalves. “Todos esperamos que a Olimpíada estimule a prática esportiva. Agora, como isso vai ocorrer se o melhor estádio de atletismo do Rio está fechado?”

“E os atletas?”, complementou ele. “Nenhum equipamento esportivo do Rio é tão bom para a prática do atletismo quanto o Célio de Barros. Nada substitui o estádio de atletismo para quem pratica atletismo.”

Dúvida na reconstrução

A reconstrução do Célio de Barros é uma das obrigações assumidas em contrato pela concessionária do Maracanã. A empresa, no entanto, solicitou uma revisão desse contrato ao governo. Ela alega que os lucros que ela tem obtido com a gestão do Maracanã estão abaixo do esperado e, por isso, seria razoável que as contrapartidas fossem reduzidas.

Na segunda-feira, o atual governador Luiz Fernando Pezão disse que o governo avalia a questão. Avalia também a possibilidade de o Estado realizar uma nova licitação para redefinir a administradora do Maracanã e do Maracanãzinho.

Enquanto não se chega a uma conclusão, nenhuma obra deve ser feita no entorno do Maracanã. Mesmo assim, Cabral afirmou que a reconstrução de pelo menos o Parque Aquático Julio Delamare está garantida para a Rio-2016.

“Julio Delamare será entregue pela concessionária. Está no contrato”, afirmou o secretário. “A obra já está orçada: R$ 85 milhões. A obra saíra do papel.

Idas e vindas sobre o Célio de Barros

  • Fechamento

    Em janeiro de 2013, o governo do Estado do Rio de Janeiro fechou o Estádio de Atletismo Célio de Barros. O espaço, que fica exatamente ao lado do Maracanã, foi incorporado ao canteiro para as obras na arena da final da Copa do Mundo de 2014. Quando a reforma acabou, em junho, o Célio de Barros passou a ser usado como estacionamento do estádio de futebol.

  • Demolição

    Em junho de 2013, o governo e a Maracanã S/A assinaram o contrato que tornou privada a administração do Complexo do Maracanã. Neste contrato, estava previsto que a concessionária do estádio era obrigada a demolir o Célio de Barros e construir naquela área um estacionamento. Pelo contrato, a empresa também teria que construir um novo estádio de atletismo numa área próxima ao Maracanã.

  • Protestos

    A privatização da administração do Maracanã e a demolição do Célio de Barros foram temas de protestos que tomaram as ruas do Rio durante a Copa das Confederações, em junho de 2013. Atletas, dirigentes esportivos e movimentos sociais demandaram o cancelamento da concessão. O Ministério Público entrou na Justiça questionando a legalidade do contrato firmado entre governo e Maracanã S/A.

  • Reconstrução

    Em agosto de 2013, o governador Sergio Cabral anunciou que a demolição do Célio de Barros estava cancelada. Atendendo às reinvindicações de manifestantes e de atletas e dirigentes esportivos, Cabral disse que a concessão do Maracanã seria reestruturada. Ele, inclusive, abriu a possibilidade de a Maracanã S/A desistir do negócio. Desta forma, a administração do Maracanã voltaria a ser estatal.

  • Indefinição

    Ainda em agosto, a Maracanã S/A enviou um documento ao governo do Rio informando que gostaria manter o controle sobre o Maracanã apesar das mudanças no projeto da concessão anunciadas pelo então governador. Naquele momento, apesar da manifestação da Maracanã S/A, nem o governo nem a empresa sabiam quem faria e pagaria pela reconstrução do Célio de Barros, muito menos quando ela seria concluída.

  • Ajuda federal

    Em setembro, o governo do Rio de Janeiro pediu ao governo federal uma ajuda de R$ 10 milhões para que ele mesmo pudesse reconstruir o Célio de Barros. A solicitação foi feito por meio da Secretaria Estadual de Esporte e Lazer. O então secretário André Lazaroni afirmou na época que, com os recursos, o estádio de atletismo seria reaberto em seis meses, ou seja, em março de 2014.

  • Obra privada

    Em janeiro de 2014, reviravolta: o governo alterou o contrato assinado com a Maracanã S/A. Com a mudança, a empresa passou a ser a responsável pela reconstrução do Célio de Barros. Segundo o aditivo, a obra deveria ser concluída em 30 meses, ou seja, em julho de 2016, dias antes do início da Rio-2016. O início da obra, entretanto, dependeria de uma aprovação do projeto para a reforma do espaço.

  • Adiamento

    Oficialmente, o projeto de reconstrução do Célio de Barros está sob análise de órgãos de licenciamento. Por isso, a obra ainda não começou. Pessoas ligadas ao projeto, contudo, já foram informadas que a reforma deve começar só depois da Olimpíada para que o espaço possa servir como estacionamento para que for ao Maracanã na Rio-2016. Desde a Copa das Confederações, essa já é a função do estádio.

  • Só em 2018

    O filho de ex-governador Sergio Cabral, Marco Antônio Cabral, assumiu em janeiro a Secretaria Estadual de Esportes do Rio de Janeiro. Logo após sua posse, declarou ao UOL Esporte que o Célio de Barros só será reinaugurado no fim de 2018.

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