Suspense, roubo e contradição. Remontagem de velódromo do Rio vira novela
Vinicius KonchinskiDo UOL, no Rio de Janeiro
A remontagem do velódromo usado nos Jogos Pan-Americanos de 2007, disputados no Rio de Janeiro, virou uma novela. O projeto de transferência da pista construída em 2007 e desativada em 2013 para uma outra cidade envolve indas-e-vindas, suspense e até um crime --o roubo de seus cabos elétricos. Tantos são os percalços que o governo federal já duvida que o velódromo conseguirá cumprir sua nova missão: servir para o treinamento de ciclistas brasileiros e estrangeiros para a Olimpíada de 2016.
O drama sobre o futuro da pista de ciclismo de velocidade começou ainda antes de ela ser fechada. Em julho de 2012, a Empresa Olímpica Municipal do Rio de Janeiro anunciou que o velódromo não serviria para os Jogos Olímpicos e seria demolido. O anúncio causou comoção no Rio de Janeiro já que a pista havia sido inaugurada só cinco anos antes. Tinha custado R$ 14 milhões aos cofres públicos.
O prefeito Eduardo Paes, então, foi a público dizer que uma solução mais “racional” para o velódromo seria estudada pelo município. Ainda no final de 2012, logo após ser reeleito, Paes confirmou que o velódromo do Pan seria inútil para a Olimpíada por não cumprir requisitos internacionais. Na oportunidade, ele anunciou que a pista seria desmontada e transferida para Goiânia para continuar atendendo ciclistas.
A partir daí a história ficou ainda mais confusa. Goiânia rejeitou o velódromo quase seis meses depois de ter decidido receber a pista. Dúvidas sobre o custo da remontagem da estrutura e, principalmente, sobre a sua manutenção colocaram em xeque a remontagem da pista de ciclismo.
No final do ano passado, porém, Pinhais (PR) pleiteou o velódromo e conseguiu o direito de receber a pista. Em junho, 21 containers com peças do equipamento esportivos começaram a chegar ao Paraná. Foram guardadas em dois armazéns da cidade, na região metropolitana de Curitiba. Foi aí que um crime tumultuou ainda mais o caso do velódromo.
Numa manhã de domingo, três bandidos invadiram um dos barracões em que as partes do velódromo estavam guardadas. Renderam os seguranças e roubaram 200 quilos de cabos elétricos da rede de energia da pista de ciclismo. Os fios foram levados em um carro sem placa. O paradeiro deles é desconhecido.
O assalto foi confirmado pelo secretário de Cultura, Esporte e Lazer de Pinhais, Ricardo Pinheiro. Em entrevista ao UOL Esporte, ele afirmou que o prejuízo pelo roubo foi pequeno: cerca de R$ 2.000. Nada disso vai comprometer, portanto, a remontagem do velódromo até meados de 2016. O trabalho deve custar mais R$ 20 milhões aos cofres públicos.
“Temos um compromisso de abrir de abrir o velódromo para a aclimatação de atletas do Brasil e do exterior para a Olimpíada”, complementou Pinheiro. “Isso fez parte do acordo para que recebêssemos a pista. Vamos iniciar a montagem em breve e cumpriremos com o combinado.”
Acontece que nem o Ministério do Esporte, que atuou para a transferência do velódromo para Pinhais, acredita no prazo. Perguntado sobre o velódromo, fechado um ano e meio atrás, o órgão informou que ele deve ser reaberto só em 2017. Depois, questionado sobre o compromisso olímpico de Pinhais, o ministério complementou disse que quanto antes do velódromo estiver pronto melhor.
Sobre o roubo dos cabos elétricos, o ministério não quis se pronunciar.
A Polícia de Civil do Paraná disse que não investiga o roubo dos fios porque nenhum boletim de ocorrência foi registrado sobre o caso.
Confira a nota do Ministério do Esporte sobre o velódromo:
Informações sobre o velódromo em Pinhais, PR
O valor empenhado pelo Ministério do Esporte para a Prefeitura de Pinhais foi de R$ 24,9 milhões. Esse recurso é do PAC, no qual o empreendimento está enquadrado, conforme o decreto no 8.206, de 13 de março de 2014, e se destina ao transporte dos materiais do Rio de Janeiro para Pinhais, armazenamento na cidade paranaense e construção da instalação no município. A prefeitura de Pinhais concluiu em junho o transporte dos materiais do Rio para Pinhais.
A licitação está sendo feita pelo RDC (Regime Diferenciado de Contratações).
O cronograma indica início da construção no primeiro trimestre de 2015 e término no primeiro trimestre de 2017.
O município de Pinhais tem aproximadamente 120 mil habitantes, sendo que o bairro – Maria Antonieta – para onde irá o velódromo é o segundo mais populoso, com 12 mil moradores. Do total de habitantes da cidade paranaense, mais de 35% são jovens na faixa etária entre 10 e 29 anos.
Nessa área da cidade, frequentada principalmente pela população jovem, já existe um campo de futebol, quadra de tênis e o Centro de Juventude que abriga quadra coberta, pista de skate, auditório, salas multimídia, anfiteatro e biblioteca. Nas proximidades há também seis escolas públicas, dois centros municipais de ensino infantil e dois postos de saúde.
O objetivo da Prefeitura é atrair campeonatos nacionais e internacionais de ciclismo.