Atletas, torcedores, organizadores. Legado olímpico irá além das arenas

Fabio Suzigan Dragone*
Colaboração para o UOL
Pedro Ladeira/Folhapress
"As crianças veem seus ídolos na televisão (ou melhor ainda, ao vivo na arena) e querem ser como eles"

Sempre que falamos legado, pensamos em construções físicas, tijolos, concreto. Se olharmos o dicionário teremos: algo transmitido ou adquirido mas não como herança, algo deixado para um todo e não só pra um. Pode ser uma estrada, pode ser um estádio, pode ser um metrô. Mas também pode ser inspiração, conhecimento, capacitação, motivação. A única condição é que seja para um todo não só para um.

Quando olhamos mais de perto a história dos nossos atletas olímpicos, percebemos que muitos deles se inspiraram, quando crianças, ao verem outros heróis representando o país em Olimpíadas passadas. Trata-se de uma alavanca poderosa de motivação: as crianças veem seus ídolos na televisão (ou melhor ainda, ao vivo na arena) e querem ser como eles. Quantos começarão a praticar esporte inspirados na Rio 2016? Quantos se tornarão atletas Olímpicos em 15 ou 20 anos?

Uma edição dos Jogos Olímpicos é equivalente a realização de 42 campeonatos mundiais durante duas semanas em uma mesma cidade. São mais de 10 mil atletas, milhares de jornalistas, milhões de espectadores nas arenas, e bilhões de pessoas mundo afora pela TV. A complexidade operacional para fazer tudo isso acontecer é um desafio nunca visto no Brasil. E quem está fazendo tudo isso? Profissionais brasileiros, qualificados, que se dispuseram a trabalhar por um desafio: mostrar ao mundo a capacidade de realização dos brasileiros.

Só temos uma chance de sucesso. Para não falhar, absorvemos de consultorias e treinamentos uma "expertise" internacional que somada a aprendizados práticos fizeram com que milhares de pessoas adquirissem conhecimentos dos mais variados e desenvolvessem suas habilidades de forma muito acelerada. A maioria desses profissionais ficará no país e retornará ao mercado de trabalho no pós-Jogos como uma grande arma para as empresas brasileiras serem mais competitivas.

Da mesma forma, os outros "atores" dos jogos, atletas, dirigentes, executivos das empresas patrocinadoras, jornalistas, todos tiveram acesso a uma avalanche de informações e aprendizados que certamente mudará o cenário esportivo no Brasil nos próximos anos. Não será uma mudança imediata. Cada parte deste quebra-cabeças tem uma velocidade de transformação. O corporativismo é um grande adversário, mas é incapaz de impedir esse processo. 

Mesmo sem olhar para o legado físico dos Jogos, é evidente a transformação de diversos setores da sociedade brasileira iniciada pelos Jogos Rio 2016. Os resultados, de curto, médio ou longo prazo são inegáveis. E são para um todo, não só para um.

*Fabio Suzigan Dragone é superintendente de Marketing e Head do Projeto Olímpico do Bradesco

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL