No avião, voltando para Salvador, Robson Conceição olhou para sua esposa Erika e disse: “Eu estou vivendo um sonho e não quero despertar”.

Mas bastou começar os desfiles pelas ruas da capital baiana, na quinta-feira, e Robson acordou para sua medalha de ouro.

“Agora sim caiu a ficha”, confessou o campeão olímpico de boxe, olhando para a multidão que acompanhou carro de bombeiro e trio elétrico até sua casa no bairro de Boa Vista de São Caetano.

“Robson foi recebido como celebridade”, definiu o jornal “A Tarde”.

“Foi tudo muito lindo, parecia carnaval, uma energia ótima”, descreveu Érika, nesta sexta, em sua casa, que virou uma verdadeira academia de boxe na noite do aniversário da pequena Sofia:

“Não, não dei luva de boxe de presente para ela, mas apesar de ter só dois anos ela já sabe socar e se esquivar”, contou a mamãe que foi lutadora até o fim da luta de Robson contra o francês Sofiane Oumihe, quando se tornou campeão olímpico dos ligeiros.

“Foi uma promessa que fiz a ele: se fosse campeão eu parava de lutar, então, parei... ele agora vai ser profissional”.

É isso mesmo. Robson descansa um pouco e já vai para o treinamento na Academia Champion sob o comando de seu mestre e professor Luiz Dórea. A festa de aniversário de Sofia foi uma espécie de linha divisória dos lutadores baianos e seus planos de futuro. Quem estava lá também era o Robenilson de Jesus.

“Não fui bem na Olimpíada, mas atravessei vários problemas de saúde e isso me atrapalhou, mas pode escrever: tenho 28 anos e estarei atrás da medalha nos Jogos de 2020 em Tóquio”.

Outra personagem olímpica foi participar da festa, só que não sabe ainda se vai continuar na luta.

“Agora eu quero descansar, viajar ao Ceará, Alagoas, só então vou ver o que vou fazer da minha vida esportiva”, comentou a lutadora Adriana Araújo.

“Importante para todos nós é que a Bahia mostrou mais uma vez que é potência no boxe. Mais uma vez Deus nos premiou com uma medalha”.

Por falar em ajuda divina, a mãe de Robson já está se preparando para cumprir a promessa feita ainda no Rio de Janeiro: segunda-feira, ela vai atravessar de joelhos a igreja de São Lázaro.

“Mais uma vez o santo das causas impossíveis não me deixou na mão”.