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Roberto Salim

Família com "cloro no sangue" define com perfeição o polo aquático feminino

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Roberto Salim

Roberto Salim, repórter da Folha de São Paulo, Estado de São Paulo, O Globo, Gazeta Esportiva, Última Hora, Revista Placar, ESPN Brasil. Cobriu as Olimpíadas de Barcelona, Atlanta, Sydney, Athenas, Pequim e Londres. Na ESPN Brasil realizou mais de 200 documentários no programa 'Histórias do Esporte', ganhando o Prêmio Embratel com a série 'Brasil Futebol Clube' e o Prêmio Vladimir Herzog.

Colunista do UOL

A família Chiappini tem o cloro no sangue. E touquinha de polo aquático na cabeça. Por isso, neste último fim de semana, mamãe Raquel pegou o carro e o filho Bruno e foram até o Clube Paineiras do Morumbi para ver o jogo preparatório Brasil x China. À beira da piscina estava papai Roberto, auxiliar técnico da seleção. Dentro da água, com a fama de artilheira do time, a filha indomável Izabella.

E na arquibancadas vovós Ângela e Mitiko e mais tios e tias e primos. E dá-lhe torcida, pernada dentro d'água, gritos de instruções e chutes a gol. "Nosso objetivo é jogar duro contra todos os adversários, mas a maioria das seleções olímpicas está um patamar acima do nosso", admite Raquel, medalhista de bronze no pólo nos Jogos Pan-americanos de Winnipeg, em 1999.

"Naquele tempo a gente ganhava dos Estados Unidos, mas o polo aquático feminino ainda não era olímpico e o time delas era normal", relembra a mãe da grande craque brasileira de hoje. "Naquele Pan vencemos na fase de classificação e só perdemos delas na morte súbita nas semifinais". Hoje é impensável vencer as norte-americanas. "Tanto que o objetivo das nossas meninas é evitar a última colocação na disputa inicial da Olimpíada, pois a última colocada vai cruzar automaticamente contra as americanas... e isso signifícará a eliminação".

A estreia do Brasil será contra a Itália, no dia 9, depois o jogo será contra a Rússia e por fim a Austrália. "É só pedreira". Mas como num passe de mágica, após o jogo da manhã de domingo contra a China, o sentimento mudou. "Caraca, meu!!!!!? " saiu gritando mamãe Raquel, abraçando todo mundo que encontrava, quando o placar mostrou 12 a 8 para o Brasil.

"Esse resultado mostra que o nosso jogo encaixa com o delas... quando variamos elas não conseguem fazer a leitura do nosso sistema", analisou papai Roberto Chiappini, do alto de sua autoridade de auxiliar técnico. "Foi uma vitória importante , mas não dá para fazer muita festa. É que nosso esporte é carente de tudo, então deu essa alegria, mas dentro de meia hora temos de parar de festejar e pensar na estreia contra a Itália, que aí a coisa é para valer".

Dentro da meia hora de festa... a artilheira Izabella curtiu a vitória inédita. "Foi bom ver que o nosso esforço valeu a pena", dizia aliviada Izabella, autora de dois gols. "Foi a primeira vez que vencemos a China e elas marcam muito, jogam muito na pressão", explicou a goleadora, que às vezes sofre a marcação de até duas adversárias.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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