Coluna

Roberto Salim

A atração da seleção de handebol compõe, escreve, desenha e tem cabelo azul

Flavio Florido/UOL
Divulgação
Roberto Salim

Roberto Salim, repórter da Folha de São Paulo, Estado de São Paulo, O Globo, Gazeta Esportiva, Última Hora, Revista Placar, ESPN Brasil. Cobriu as Olimpíadas de Barcelona, Atlanta, Sydney, Athenas, Pequim e Londres. Na ESPN Brasil realizou mais de 200 documentários no programa 'Histórias do Esporte', ganhando o Prêmio Embratel com a série 'Brasil Futebol Clube' e o Prêmio Vladimir Herzog.

Colaboração para o UOL

Sabem a compositora Samira, a jogadora de 27 anos que fez a música que anima o vestiário da seleção brasileira de handebol antes dos grandes jogos? Pois ela é uma das atrações do time do dinamarquês Morten Soubak.

Vale a pena conhecer essa personagem ainda desconhecida do esporte nacional

Ela tinha tudo para dar errado: na vida e no esporte.

Saiu cedo de Recife meio brigada com a mãe.

De São Paulo foi para a Europa jogar handebol. Não se tornou fluente em nenhuma língua, mas fala francês, inglês e espanhol.

Criativa como poucas, lê o jogo e faz das suas nas quadras.

“Ela pinta o cabelo de azul, cria suas tatuagens, usa piercing, escreve muito bem, desenha, toca violão e compõe, tem carisma” – define a psicóloga Alessandra Dutra, desde 2009 na seleção brasileira. “Ela é muito criativa, tem visão peculiar do jogo, foge aos padrões dos atletas”.

Samira é uma das armas de Morten Soubak, na busca da inédita medalha de ouro olímpica.

“Ela é uma ponta-esquerda talentosa, que também pode jogar de pivô”, explica a supervisora Rita Orsi. “Ela disputou a última temporada na França e depois da Olimpíada vai para a Hungria”.

O dinamarquês Morten Soubak casado com uma brasileira captou logo o molejo artístico da pernambucana do cabelo azul e trata de aproveitar sua criatividade da melhor forma possível.

Com vocês, Samira Rocha, 27 anos, super-candidata a se tornar uma das atrações destes Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

UOL Esporte - Se você não fosse jogadora de handebol, seria o que na vida?
Samira – Meu Deus! Nunca pensei nisso. Mas fome eu não passaria não. Com certeza estaria tocando numa banda.

Que instrumento?
Violão, bateria, pandeiro, violino. Você sabe que eu comecei a aprender violino e só não fui em frente porque é preciso uma dedicação maior, mas eu levo jeito.

Você sempre compõe, como é seu método para compor?
Eu faço primeiro a letra, uma poesia, depois a música. Mas vem quase junto. Na família eu tinha um tio e uma tia que trabalhavam com música, gente muito criativa, desde pequena eu me inspirei neles.

Como vem a inspiração?
É uma coisa inconsciente. Eu incorporo. Às vezes acordo e pego um lápis, tem de ser lápis, e faço anotações no papel. No dia seguinte quando vejo, eu falo: nossa, nem lembrava mais.

Você também inventa jogadas, cria no sonho?
Crio, penso, às vezes improviso. Mas não é nada para aparecer. É algo que vem naturalmente. Às vezes nem eu entendo como eu faço, É instintivo, como quando tento uma rosca para iludir a goleira adversária: é uma ousadia natural.

E esse visual, o cabelo, vai entrar pintado de azul nos Jogos Olímpicos ou vai mudar a cor?
Vou de azul.

Piercing, cabelo azul raspado do lado, tatuagens, você é uma atração para as crianças?
Engraçado, não só crianças, os jovens claro se identificam, mas também os mais velhos.

Bom, a psicóloga da seleção diz que você tem carisma, que motiva todo o grupo, já pensou em escrever sobre “A menina da cabeça azul”?
Eu estava escrevendo um livro da minha vida, mas deixei prá lá. Agora não dá para perder o foco.

E o relacionamento com a mãe, melhorou?
Sai cedo de casa, ela sentia muito. Queria me guardar debaixo das asas. Tinha ciuminho. Mas agora ela aprendeu que eu vou e que eu volto. Temos uma relação de saudade

Depois da Olimpíada você vai para a Hungria, jogar lá...
Pois é, terei novas surpresas. Novo frio na barriga, só isso, depois a gente se adapta e enfrenta.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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