Pioneiro, Diego quebrou tabus e tem legado que vai além de medalha olímpica
Ginástica é coisa de mulher. Quantas vezes nós, que trabalhamos diretamente com a modalidade, não ouvimos este tipo de comentário, seja por desconhecimento ou maldade. Se o ouro de Arthur Zaneti na Olimpíada passada ajudou a quebrar tabus, a medalha de prata do mais icônico ginasta do país pode servir para sepultar de vez qualquer preconceito.
Diego Hypolito foi um pioneiro na ginástica artística masculina do Brasil. Dominou o solo durante anos, conquistando medalhas e superando grandes rivais. Mas, em um país que passou a conhecer a modalidade com os êxitos no feminino, o ginasta enfrentou todo tipo de brincadeiras e insinuações a respeito de questões que nada têm a ver com seu desempenho esportivo.
Sua trajetória ainda contou com árduas frustrações olímpicas sofridos nas edições anteriores. Em Pequim-2008, era o melhor do mundo no solo e caiu sentado. Em Londres-2012, um novo erro o deixou fora do esperado pódio. E tome piadinhas.
A presença na Rio-2016 quase não aconteceu. Questionado, correu o risco de ficar fora da equipe brasileira. A escolha pelo veterano ginasta mostrou-se correta. Diante da torcida do Rio de Janeiro, Hypolito deu show e emocionou a todos.
Mas o legado de Diego vai além de uma medalha olímpica e pode ser comprovado ao seu lado no pódio. Bronze no solo aos 22 anos, Arthur Nory nunca escondeu ser fã e se inspirar no veterano companheiro, oito anos mais velho.
Muitos pais ainda têm preconceito de colocar seus filhos na ginástica artística. Que as conquistas seguidas nas últimas Olimpíadas ajudem a quebrar tabus e modificar este cenário. Duas medalhas na Rio-2016, que podem se tornar três com Zaneti nesta segunda-feira, mostram o tamanho do potencial da modalidade no país.