! Brasil já mede forças com potências da ginástica, mesmo sem estrutura ideal - 11/08/2016 - UOL Olimpíadas

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Brasil já mede forças com potências da ginástica, mesmo sem estrutura ideal

Opinião dos Especialistas

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Durante a Rio-2016, o time de comentaristas do UOL trará colunas com informações e opiniões sobre as principais modalidades olímpicas.

Vinicius Giglio*

Colaboração para o UOL

O Brasil encerrou a participação nas provas do individual geral da ginástica artística com resultados históricos. Sérgio Sasaki terminou na nona colocação e Rebeca Andrade garantiu o 11º lugar. Ele conseguiu o melhor resultado masculino do Brasil na história do esporte; ela esteve a uma posição de igualar o 10º lugar de Jade Barbosa em 2008.

Esse resultado representa o crescimento da ginástica no país. A modalidade está crescendo, está evoluindo. Hoje, o Brasil consegue medir forças com as potências no esporte. Ainda não dá para disputar por equipes entre as três melhores, mas estar em uma final é bem expressivo. O país subiu de patamar, já ficamos à frente de alguns russos e chineses, já tiramos notas melhores que países tradicionais, com muitas medalhas em Olimpíadas.

Alguns fatores possibilitaram isso. O Brasil melhorou o desempenho devido à estrutura de treino, à busca de aperfeiçoamento, ao planejamento feito pelos técnicos, à melhora do material de treinamento. E o mais importante: a geração é muito boa. 
 
Além disso, o bom resultado está ligado à conquista da Daiane dos Santos em 2004, à final do Diego Hypolito em 2008 e à medalha de ouro do Arthur Zanetti em 2012. Tudo isso fez com que os outros ginastas tivessem mais estrutura para competir. 
 
O Brasil pode chegar mais longe nesse esporte. Ainda há pouco incentivo, ainda falta melhor infraestrutura. É um esporte que pode trazer muitas medalhas para o país. Com pouco apoio que há atualmente, ainda conseguimos chegar a 11 finais, juntando masculino e feminino. É um excelente resultado.
 
Vale lembrar ainda que Sergio Sasaki e Rebeca Andrade sofreram com lesões. Sasaki é o melhor generalista que nós temos. Foi uma pena ele ter sofrido algumas lesões nesses últimos anos - foram lesões no joelho e depois um rompimento do músculo do bíceps.
 
Rebeca é uma menina nova e também precisou passar por cima das lesões. Foi um ano quase todo de recuperação, só fazendo paralelas assimétricas, sem poder fazer chegadas, exercícios, e treinar no solo, que é sua especialidade. O Brasil tinha chance de ir para o pódio, mas ocorreram erros na trave de equilíbrio. Apesar disso, é um excelente resultado para o país, para a ginástica artística feminina.
 
Difícil dizer se teria medalha inédita sem as lesões. Ginástica é treinamento. Claro que com mais treinamento poderíamos ter Rebeca na terceira posição ou Sasaki melhor classificado no individual geral. Poderíamos ter chegado mais perto. Isso tudo é uma construção de muitos anos. A medalha está perto. Já é inédito chegar a sete finais na ginástica artística masculina e mais quatro no feminino. 
 
*Vinicius Giglio é graduado na Unesp Bauru, campeão brasileiro em 1997 de ginástica artística. Como técnico, é bicampeão brasileiro, em 2009 e 2010. 
Árbitro estadual desde 2005 e árbitro internacional da FIG, Federação Internacional de Ginástia Artística, desde 2013, ele é um dos comentaristas do Placar UOL Olimpíada

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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