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Contra os prognósticos, Rafaela venceu as dificuldades da vida por ippon

Geraldo Bubniak/AGB
Rafaela Silva foi da decepção em Londres à consagração na Olimpíada do Rio imagem: Geraldo Bubniak/AGB
Opinião dos Especialistas

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Durante a Rio-2016, o time de comentaristas do UOL trará colunas com informações e opiniões sobre as principais modalidades olímpicas.

Wilian Freitas*

Colaboração para o UOL

Criada na Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, Rafaela Silva poderia ser só mais uma brasileira a sofrer com as dificuldades de uma comunidade carente e com problemas de infraestrutura, saúde e educação.

Mas sua vida mudou aos 8 anos de idade, quando o medalhista olímpico de judô Flávio Canto criou o Instituto Reação. Com o slogan ‘o homem é do tamanho de seu sonho’, a entidade trouxe novas perspectivas às crianças da comunidade carente. E logo Rafaela foi identificada como uma ‘pedra bruta’ a ser lapidada.

Foi lá que a menina rebelde conheceu o técnico Geraldo Bernardes, treinador brasileiro nos Jogos Olímpicos, e começou a obter bons resultados nas categorias de base, logo chegando à seleção nacional.

Toda esta trajetória quase foi interrompida por uma desclassificação inesperada em sua primeira luta na Olimpíada de Londres-2012, por conta de uma técnica irregular. Sofreu com declarações preconceituosas na internet e quase desistiu do esporte.

Mas a jovem guerreira perdeu a batalha, e não a guerra. Em mais uma reviravolta na vida, sagrou-se a primeira campeã mundial no feminino, em competição disputada no Rio de Janeiro em 2013.

E quis o destino que a consagração da menina que cresceu na Cidade de Deus viesse justamente em sua cidade natal. Mesmo em uma chave difícil, contra as melhores do mundo, calou os críticos e conquistou a sonhada medalha de ouro olímpica.

O choro, que veio fácil após a confirmação do árbitro e durante a execução do hino nacional, foi um merecido desabafo para a mulher que cresceu com as dificuldades e venceu na vida por ippon.

*William ‘Gulô’ Freitas é coordenador de pós-graduação e professor universitário na área de lutas, além de diretor da Associação de Judô Gulô. Faixa preta de judô 5º Dan pela CBJ (Confederação Brasileira de Judô), ele é um dos comentaristas do Placar UOL Olimpíada

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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