Depois do individual geral, ginástica artística tem dois dias de intervalo, antes das finais por aparelhos

Rodrigo Caron

Rodrigo Caron

  • REUTERS/Dylan Martinez

    Kohei Uchimura passa pelas argolas na final por equipes na Olimpíada de Londres; japonês ficou o ouro

    Kohei Uchimura passa pelas argolas na final por equipes na Olimpíada de Londres; japonês ficou o ouro

Depois das finais por equipe, as finais do individual geral mantiveram praticamente a mesma lógica. No masculino, muitos atletas considerados favoritos erraram e decepcionaram na classificação final. No feminino, as favoritas confirmaram suas posições, travando um duelo décimo a décimo, até o ultimo aparelho.

Na competição masculina, destaco a participação do brasileiro Sérgio Sasaki. Ele conseguiu um resultado histórico, passando pelos aparelhos com grande confiança e precisão. O brasileiro obteve uma pontuação um pouco abaixo da classificatória, mas, ainda assim, subiu na classificação final, ficando em 10º lugar. Isso mostra que a estabilidade emocional de Sasaki foi maior que a dos adversários, que, na final, erraram mais que ele.

Sasaki conseguiu mostrar todo seu potencial, e agora seguirá sua preparação para os Jogos Olímpicos do Brasil com ainda mais motivação, e com certo renome, já que deixou para trás atletas consagrados, como o alemão, medalhista olímpico, Fabian Hambuchen, o britânico, medalhista por equipe e um dos favoritos por estar em casa, Daniel Purvis, e o israelense, medalhista em campeonatos mundiais, Alexander Shatilov. Isso é muito importante para as aspirações de Sérgio Sasaki de conquistar uma medalha na próxima edição dos Jogos.

Quanto aos favoritos, mais uma vez os norte-americanos caíram do cavalo. John Orozco tirou uma nota tão baixa nesse aparelho, que ficou sem possibilidades de recuperação. Já Danell Leyva, com uma nota não tão baixa, viu uma possibilidade de medalha, e correu atrás dela, conquistando o bronze.

Outro destaque foi o japonês Kohei Uchimura, que conseguiu se reerguer depois dos erros dos dias anteriores, e foi coroado com a medalha de ouro. Ninguém é tricampeão mundial (2009, 2010 e 2011) por acaso, e nada melhor que o ouro olímpico para ratificar a superioridade de Uchimura como ginasta.

A surpresa ficou por conta do alemão Marcel Nguyen que entrou correndo por fora, muito menos cotado que seu compatriota Fabian Hambüchen. Hambüchen fez uma competição com a faca nos dentes, se segurou como deu para não sofrer a queda em alguns aparelhos, como na barra fixa, e acabou conquistando a medalha de prata.

No feminino, infelizmente, não tivemos a presença de brasileiras. Daniele Hypolito que tinha boas chances de se classificar, não esteve bem, e Adrian Gomes, que tinha alguma chance, se machucou antes do inicio das competições.

A briga por medalhas ficou mesmo entre russas e norte-americanas. E como já era de se esperar, o embate perdurou até o final da disputa. A norte-americana Alexandra Raisman foi a primeira a erras nas paralelas. No aparelho seguinte, a trave de equilíbrio, foi a vez da russa Aliya Mustafina. Com isso, as duas seguiram na disputa pelo bronze, enquanto Victoria Komova, também russa, seguia próxima de Gabriele Douglas, a segunda norte-americana.

Devido à falha no salto, e a pequenos erros na trave, o magnífico solo de Komova, muito superior ao das classificatórias, e superando a própria Gabriele, não foi suficiente, e o ouro ficou com a norte-americana.

Gaby Douglas fez uma competição perfeita. Inabalável, realizou todas as suas séries com extrema segurança e, mesmo sob pressão, quando as adversárias já haviam passado bem no aparelho, não deixou por menos. Na luta da força e potência das americanas, contra a leveza e graça das russas, venceu a ginástica artística, que viu um espetáculo maravilhoso. A disputa entre as diferentes escolas pode ser considerada um empate. Mas, no final, o ouro foi para os EUA, e a prata e o bronze para a Rússia.

O mais curioso é que a pontuação final de Mustafina e de Raisman foi exatamente a mesma, e o critério de desempate foi a nota de execução, ou seja, ficou na frente a ginasta que teve menos deduções. No caso, Mustafina foi melhor que Raisman.

O principal destaque para os próximos dias é a presença do brasileiro Arthur Zanetti, que participa da final nas argolas. Zanetti tem chances reais de medalha, e irá se apresentar na segunda feira, a partir das 10h da manhã.

Arthur é um exemplo de atleta, sempre humilde, extremamente dedicado aos treinamentos, regrado na vida pessoal, justamente por saber da importância disso para sua performance. O brasileiro é muito consciente do seu papel para o desenvolvimento da sua modalidade, e merece, com certeza, a torcida de todos. Na final por aparelhos fica mais evidente o grau de precisão desses ginastas maravilhosos. Vale a pena acompanhar!

Rodrigo Caron

Praticou ginástica artística por mais de 15 anos. Formado em educação física, se tornou técnico e começou a carreira em Bauru, com uma passagem de um ano nos EUA (Academia The Colony Gymnastics- Dallas TX). Na volta ao Brasil, trabalhou na Associação Brasileira A Hebraica em São Paulo e, atualmente, é técnico no município de Boituva (SP). Em 2008, virou árbitro internacional de ginástica e já esteve em competições internacionais, como no Pan-Americano juvenil de 2009 e a Copa do Mundo de Stuttgart de 2010. Nas Olimpíadas-2012, é comentarista do UOL

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