Atletismo e natação têm problemas graves e precisamos mudar para subirmos no quadro

Roberto Shinyashiki

Roberto Shinyashiki

  • Lalo de Almeida/ Folhapress

    Candidata a uma medalha, Fabiana Murer falha não avançou à final do salto com vara

    Candidata a uma medalha, Fabiana Murer falha não avançou à final do salto com vara

Com o final dos Jogos Olímpicos fica na boca aquele gosto de que poderíamos estar numa colocação muito melhor no quadro de medalhas. Sem dúvida, teríamos uma posição melhor se os nossos dirigentes estivessem atentos para alguns fundamentos da gestão organizacional. Dois aspectos são importantes: onde investir e como cobrar os resultados.

Nas empresas privadas, os gestores sempre optam por pescar onde tem mais peixes. No caso dos Jogos Olímpicos, os peixes estão nos esportes individuais. Enquanto o atletismo distribui 141 medalhas e a natação 93, o futebol dá somente duas.

Desse ponto de vista, não adianta ficarmos preocupados com o presumível fracasso do futebol feminino, porque somente deixamos de ganhar uma medalha. Mas, o que é gravíssimo, é não termos nenhuma medalha no atletismo. O que é gravíssimo também é, nos esportes aquáticos, termos conseguido medalhas somente com dois veteranos.

Alguma coisa tem de ser feita com essas duas confederações. A maneira como ela estão trabalhando não produz resultados esperados. É preciso uma revolução dentro delas, com reflexão no método de trabalho da modalidade, com treinadores especializados, com troca de dirigentes ou com melhor escolha de atletas.

Do jeito que está, não pode continuar.

No mundo empresarial, se o diretor-geral desta firma não entrega o resultado, algo dramático tem de acontecer porque metas são feitas para serem entregues. É, nessa hora, que se faz necessário uma análise da performance do diretor-geral e uma auditoria para saber como o dinheiro foi gasto. Enfim, é preciso ver o que foi feito de errado e se isso tem consequências para o trabalho de planejamento estratégico para o próximo ciclo de trabalho.

Mas isso não acontece no esporte olímpico brasileiro. Parece que é uma casa que não tem dono, em que as ações não ficam sem consequências e os maus resultados não servem como um alerta de que algo precisa ser mudado.

Algumas perguntas têm que ser feita:

Qual é o organograma do esporte brasileiro?

Quais são as metas?

Quais são os prêmios e punições pelos resultados ruins?

O esporte precisa se comportar como a iniciativa privada. Se o dinheiro investido não tiver retorno, cabeças rolam. As confederações recebem dinheiro o tempo todo para entregar resultados que não são entregues... E mais dinheiro continua sendo investido.

Repito a minha pergunta: qual é o organogramado esporte brasileiro?

Qual é o nosso projeto para nos tornarmos uma potência olímpica?

O que vai acontecer com as confederações que não estão entregando o que prometeram?

Na linha desta cobrança, vale uma ressalva: judô e boxe merecem mais investimentos pois entregaram seus resultados.

Roberto Shinyashiki

Psiquiatra com pós-graduação em Administração de Empresas e doutorado em Administração e Economia, viaja o Brasil e o mundo fazendo palestras, conduzindo seminários e atuando como consultor para empresários, políticos e esportistas. É autor de vários best sellers, entre eles “Sucesso É Ser Feliz” e “Problemas? Oba!” e já vendeu mais 6 milhões de livros.

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