Eu me junto a todos que estão aplaudindo o nadador norte-americano Michael Phelps por ele ser o maior medalhista olímpico da história dos Jogos, um feito sensacional que dificilmente será superado tão cedo.

Mas não concordo nem um pouco com aqueles que dizem que ele é o melhor atleta olímpico de todos os tempos.

Rapidamente eu me lembro de Jesse Owens, que ganhou quatro medalhas de ouro no atletismo na Olimpíada de Berlim, na Alemanha nazista, em 1936.

Para entendermos a sua grandeza, é preciso lembrar que Adolf Hitler montou os Jogos Olímpicos para fazer promoção do nazismo e mostrar a superioridade ariana. Os atletas alemães estavam muito fortes e ele fazia questão de cumprimentar um a um quem ganhava medalha de ouro

Nesse contexto, Jesse Owens, um atleta negro, apesar de tudo o que foi estruturado para que um homem negro não conquistasse nenhuma medalha de ouro, foi o campeão nos 100 m e 200 m rasos, no revezamento 4 x 100 m e no salto em distância.

Apenas como um comentário curioso: na eliminatória do salto em distância, ele havia queimado os seus saltos e estava nervoso. Seu concorrente direto era um alemão chamado Luz Long.

Antes do último salto classificatório, o alemão falou para o seu adversário: “você salta muito mais do que precisa para ir à final, não precisa arriscar queimar de novo”. Owens fez exatamente isso, colocou o pé bem antes do limite e passou para a final. Depois, na decisão, ele foi medalha de ouro e Luz, primeiro a cumprimentá-lo, ficou com a prata.

Hitler ficou tão possesso que saiu do local da competição logo no final da prova para não ter que entregar a medalha para Owens

Talvez esse gesto generoso de Luz tenha lhe custado mais do que a medalha de ouro, pois logo no começo da Segunda Guerra Mundial, na qual os atletas de elite eram preservados, ele foi colocado na frente de batalha e morreu após um combate.

Com toda certeza, eu coloco Jesse Owens na frente de Michael Phelps na lista dos maiores atletas olímpicos de todos os tempos.