As boas chances de medalha do Brasil em Londres

Roberto Shinyashiki

Roberto Shinyashiki

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    Leandro Guilheiro comemora vitória durante conquista da medalha de ouro no judô no Pan-2011

    Leandro Guilheiro comemora vitória durante conquista da medalha de ouro no judô no Pan-2011

Ontem [quinta-feira] estive na Vila Olímpica. É uma delícia estar no meio de tantos esportistas. São pessoas cuja paixão pelo esporte é tanta que parece que não existe nada mais no mundo além disso.

Um agradecimento mais do que especial ao Peri, diretor de alto rendimento do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), pela atenção em me mostrar tudo o que foi feito para receber a nossa delegação.

Abordo com vocês alguns temas das nossas conversas:

1 - Yelena Isinbayeva: suas participações este ano têm sido muito fracas para o que ela já realizou no salto com vara. Será que ela está escondendo o jogo ou está decadente?

Vocês não imaginam o que esse pessoal é capaz de fazer para realizar os seus objetivos. Em 2000, as brasileiras Adriana Behar e Shelda eram as favoritas absolutas para a medalha de ouro, mas perderam a final para as australianas Cook e Pottharst. Na entrevista, depois da conquista, elas falaram que pararam de competir nos meses antes das Olimpíadas para se preparar para jogar contra as brasileiras, porque esse duelo definiria a medalha de ouro. Vários meses de preparação para uma única partida!

Se Isinbayevaestiver escondendo o jogo, certamente, ela vai começar a saltar quando a barra for colocada nos 4,80 m. Assim, as outras favoritas vão gastar uma parte da sua energia se perguntando: o que será que ela vai fazer?

2 - O Brasil tem chances concretas de passar de 20 medalhas. A revista “Sports Illustrated” sempre faz a previsão dos favoritos às medalhas e, nas contas deles, serão 23 medalhas para os brasileiros. Mas é lógico que eles sempre erram, como todo mundo que faz previsões. Estamos torcendo para que os nossos resultados sejam bem melhores que isso.

3 – Os brasileiros têm chances de repetir Atenas e ganhar quatro medalhas no vôlei. O nosso vôlei de quadra ainda tem alguns pontos para serem acertados, mas as medalhas são totalmente possíveis. Muitas vezes, é melhor o time se acertar durante a competição, porque os atletas ficam atentos e entram com concentração total.

Imagino como Giba e Ricardinho devem estar para mostrar aos críticos que eles ainda têm muita bala da agulha, assim como o Bruninho está doido para mostrar que merece ser respeitado pelo seu jogo e não por ser filho do Bernardinho. Quando isso tudo se encaixar, pode sair da frente, porque a energia vai ser irresistível. Mas os Estados Unidos também estão muito fortes para lutar por essas quatro medalhas de ouro. Então, será briga de cachorro grande.

Porta-bandeiras nos Jogos de Londres
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4 - Quantas medalhas o judô vai levar para casa? Temos chances concretas de trazer sete! Quatro no masculino e três no feminino. A grande questão é como as nossas atletas vão reagir no ambiente olímpico. Mas, certamente, Mayra Aguiar traz uma medalha.

Tenho acompanhado os judocas do Pinheiros, e eles estão em ponto de bala. Leandro Guilheiro é uma montanha! Sua estrutura psicológica é impressionante. Nada é capaz de abalar a sua confiança, com um detalhe: essa é a primeira Olimpíada em que ele chega sem nenhuma contusão. Ele lutou contundido em todas as Olimpíadas anteriores e saiu das competições para cirurgias, que os médicos queriam que ele fizesse antes dos Jogos e que o impediriam de lutar. Seus adversários sabem que ele é o atleta a ser vencido, se quiserem ganhar medalha de ouro. Por isso, todos sabem como ele luta em todos os pormenores, mas eu acredito que ele vai driblá-los todos, como Garrincha fazia com os seus marcadores.

Rafael Silva tem uma consistência impressionante e treina todos os dias com a mesma intensidade. Não tem dia melhor, nem dia pior. Ele luta com a mesma concentração. Ninguém é capaz de abalar a sua performance. Muitos dizem que o lutador francês Teddy Riner é imbatível, mas tenho certeza de que o Rafael vai enfrentá-lo com a tranquilidade de um pedreiro que tem de levantar uma grande parede em um dia: ele sabe que vai dar trabalho, mas sabe que pode fazê-lo.

Leandro Cunha, depois de muitos anos na cola do João Derly, tem a sua chance e está pronto para aproveitá-la. Não é a toa que ele é um nome comentado entre seus adversários. Ele está com a fome de medalha acumulada todos esses anos.

Tiago Camilo é um atleta muito especial. Ele me lembra do Gustavo Borges, um dos nossos maiores atletas olímpicos de todos os tempos. Cabeça feita total. Ele tem muito claro o que precisa ser feito para conquistar suas metas e faz tudo com determinação. Se tiver de fazer várias horas de fisioterapia para curar uma contusão, ele vai para o tratamento com a alegria de quem vai para uma festa. Quando conquistou sua vaga olímpica, ele teve uma hérnia cervical, uma contusão grave que poderia tirá-lo dos Jogos. Eu não vi uma única expressão de chateação no rosto do Tiago. Todos os dias ele ia para as varias sessões de tratamento com o Bruno Rocha, brincando com todos. É um cara que vai dar trabalho para os seus adversários.

Medalhas garantidas? Não, porque no judô um segundo pode ser fatal.

Agora o mais admirável disso tudo é ver o trabalho que a CBJ (Confederação Brasileira de Judô) está fazendo, não só com essa geração de ouro, mas com as futuras gerações. Eles sempre enviam suas equipes juvenis para treinar em nosso clube, e todos podem ver o cuidado com que esses novos atletas estão sendo lapidados.

Posso garantir que, com o judô, não vai acontecer o que aconteceu com o tênis: quando o Guga parou de jogar, a modalidade ficou morna.

Essa geração de ouro do judô vai ter de suar o quimono para conquistar o direito de lutar na Olimpíada do Rio-2016, porque a CBJ está investindo forte no futuro. Um trabalho que quase todas as outras confederações precisam copiar para que o Brasil não tenha de contar somente com a sorte de ter um novo talento, com um pai rico que patrocine sua carreira.

E você? O que você acha que vai acontecer nessas modalidades?

Eu sei que é difícil fazer previsões, ainda mais nos esportes, nos Jogos Olímpicos, onde todos querem as medalhas e entrar para a história, tanto quanto nós!

Roberto Shinyashiki

Psiquiatra com pós-graduação em Administração de Empresas e doutorado em Administração e Economia, viaja o Brasil e o mundo fazendo palestras, conduzindo seminários e atuando como consultor para empresários, políticos e esportistas. É autor de vários best sellers, entre eles “Sucesso É Ser Feliz” e “Problemas? Oba!” e já vendeu mais 6 milhões de livros.

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