Equipes fortes têm projeto claro, pessoas certas e manutenção de estratégia

Roberto Shinyashiki

Roberto Shinyashiki

  • Eduardo Knapp/Folhapress

    Jogadores do Corinthians posam antes do início da decisão da Libertadores contra o Boca Juniors

    Jogadores do Corinthians posam antes do início da decisão da Libertadores contra o Boca Juniors

Por que equipes como o Flamengo contratam atletas fora de série e não conseguem uma grande conquista e outras como o Fluminense conseguem fazer os seus craques trabalhar bem juntos? Será que os atletas do atual time do Corinthians, que conseguiu conquistar a Libertadores, é melhor do que aquele time de 2000 que era formado por Dida; Daniel, Fábio Luciano, Adílson e Kleber; Vampeta, Edu, Ricardinho e Marcelinho Carioca; Edílson e Luizão ?

Um time é muito mais do que os seus jogadores. Muitos dirigentes pensam que é so contratar um craque e tudo estará resolvido. Quais são os fatores que constroem uma equipe campeã? A força de uma equipe começa com a sua diretoria. Ter um projeto claro e bem definido, saber escolher pessoas para esse projeto e manter a estratégia é fundamental.

No caso do Corinthians, a manutenção do Tite mesmo após a derrota para o Tolima foi fundamental para sinalizar a todos que existia um comando. Quando você observa equipes que não avançam elas trocam de técnico o tempo todo.

Quais as características que Ney Franco e Leão têm em comum para realizar o projeto do São Paulo? Existe um projeto claro. Os dois podem ser grandes técnicos, mas as diferentes personalidades e maneiras de trabalhar mostram que a estratégia não está bem definida.

O segundo ponto é que o relacionamento entre a diretoria e o treinador tem de ser bem estruturado. Uma vez contratado o treinador a diretoria deve dar condições para ele trabalhar focado no seu método. Dirigente escalando time e treinador negociando atletas não costuma funcionar. Cada um tem de saber qual o seu lugar no processo e respeitar o espaço do outro.

Então vem a vez da montagem de uma equipe. Todos os anos é preciso analisar o perfil e o momento de cada jogador. Um time não pode ser formado por astros: ele tem de ter vários pilares: o astro, o encrenqueiro, o líder, o integrador, o motivador, os batalhadores...

Muitas vezes um time dos sonhos não funciona junto porque ninguém aceita carregar o piano. Outras vezes o craque é um desagregador e é preciso força e moral para procurar fazê-lo trabalhar com ética. Outras vezes o atleta está desmotivado em jogar naquele time e precisa de novos ares para se motivar de novo.

Depois tem a relação do treinador com os seus atletas, pois tem aqueles que se motivam quando levam uma dura (sabem que Pelé era um desses? Quem contava isso era o Zito, capitão do Santos, que uma vez disse que a melhor forma de inspirar o Pele em um dos seus raros dias de distração era dar uma dura nele) enquanto outros desaparecem quando são criticados, principalmente na frente dos outros.

Agora nos Jogos Olímpicos nós vamos ver equipes com grandes craques não renderem o esperado. Vão se tornar as grandes decepções. Não porque vão ser derrotadas, porque perder faz parte da vida de quem esta na disputa, mas principalmente porque não vão jogar se entregar com tudo no jogo.

Quando vocês virem um time disperso saiba que o problema não está somente no atleta. Isso geralmente mostra que dirigentes, comissão técnica e atletas não estão com o mesmo objetivo. Colocaram os seus interesses na frente do grupo a custa da derrota da equipe.

Roberto Shinyashiki

Psiquiatra com pós-graduação em Administração de Empresas e doutorado em Administração e Economia, viaja o Brasil e o mundo fazendo palestras, conduzindo seminários e atuando como consultor para empresários, políticos e esportistas. É autor de vários best sellers, entre eles “Sucesso É Ser Feliz” e “Problemas? Oba!” e já vendeu mais 6 milhões de livros.

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