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EUA jogarão em cassino de luxo de Macau

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30/07/2008 - 09h00

Química e humildade: "Dream Team" tenta, mas mantém discurso da vitória

Bruno Doro
Em Macau (CHN)

A seleção norte-americana de basquete já foi chamada de Time dos Sonhos. Hoje, a realidade não é mais essa. Os EUA não são campeões de uma competição mundial desde os Jogos Olímpicos de Sydney-2000. Oito anos, porém, ainda não conseguiram afastar das estrelas da NBA uma coisa: vira e mexe, alguém promete a conquista da medalha de ouro.

A capa da revista Time mostra um dos astros do time, o ala LeBron James, prometendo o alto do pódio. Em 2004, quem fez essa garantia foi Carmelo Anthony - e os EUA foram derrotados duas vezes e subiram ao pódio para receber apenas a medalha de bronze. "Acho que ele não é arrogante ao prometer o ouro. Ele só confia em quem joga ao seu lado", explica o autor da bravata passada.

Os fracassos recentes até fazem os norte-americanos tentarem mudar o discurso e evitar a falácia. O técnico Mike Krzyzewski diz que seu time "respeita o basquete mundial". Um dos capitães da equipe que falhou no Mundial do Japão, em 2006, Dwayne Wade diz que "Pequim terá as Olimpíadas mais disputadas da história do basquete. Nós não somos favoritos. Argentina e Espanha são os favoritos", lembrando dos sul-americanos campeões olímpicos e dos europeus campeões mundiais.

É visível, porém, que o orgulho do basquete norte-americano está, mais uma vez, em jogo. E a aposta para voltar ao topo da modalidade é feita baseada em três pernas: comprometimento, química e Kobe Bryant.

A grande diferença deste grupo para os anteriores é que eles estão na seleção desde 2005. Após o fracasso em Atenas-2004, um grupo de atletas foi convocado. Quem não quisesse atender aos três anos de convocação nem mesmo seria considerado.

A iniciativa foi de Jerry Colangelo, ex-Phoenix Suns. O dirigente montou o grupo e definiu um técnico, Krzyzewski, da universidade de Duke, que na opinião dos norte-americanos teria mais afinidade com o basquete internacional, nas regras da Fiba.

"Esta seleção não é mais um punhado de All Stars (em referência aos atletas que disputam o Jogo das Estrelas da NBA), mas uma seleção", diz o treinador. "A diferença é que hoje conseguimos o comprometimento dos jogadores", completa Colangelo.

Depois disso, porém, veio o tropeço. Em 2006, sem Bryant, o time acabou comandado pelo trio de jovens estrelas Carmelo Anthony, Dwayne Wade e LeBron James. Mais um bronze, após derrota para a Grécia nas semifinais. Desta vez, além do trio, que volta dois anos mais experiente, chegaram Kobe Bryant, hoje considerado o melhor jogador da NBA, e Jason Kidd.

"O time de 2006 já era bom. Mas com Jason e Kobe, somos ainda melhores", analisa Anthony. "O Mundial de 2006 marcava o primeiro ano de um time que hoje está maduro. Comparando com uma temporada da NBA, aquele era o time que começou o torneio. Esse aqui é o que está terminando, muito mais entrosado", completa Krzyzewski.

Os jogadores parecem entender a mensagem. Wade afirmou que em 2004 chegava a ser engraçado o quanto a equipe de 2004 era individualista. Desta vez, porém, a química é apontada como o ponto forte do grupo atual. "Nós gostamos um do outro dentro e fora da quadra. Isso é importante para construir o grupo", concorda LeBron, outro que fracassou em Atenas.

O fator chave dessa equação, porém, é Kobe Bryant. Considerado o melhor jogador da última temporada da NBA, ele terá uma função considerada ingrata no basquete: será o incumbido de marcar o melhor jogador dos adversários. Isso mesmo, Bryant, estrela maior da NBA, terá uma função mais defensiva, menos glamurosa. Tudo "pela química do grupo". "É uma posição que não me incomoda. O que importa é descobrir qual a combinação que precisamos para vencer".

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