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Júlio (dir) e Volney no estande: relação amistosa com técnico é trunfo do atirador

Júlio (dir) e Volney no estande: relação amistosa com técnico é trunfo do atirador

Veja fotos do treinamento de Júlio Almeida no estande de tiro de Macau

27/07/2008 - 14h12

Técnico amigo e tempo livre fazem atirador Júlio Almeida sonhar

Bruno Doro
Em Macau (China)

O otimismo é a marca registrada do piloto da aeronáutica Júlio Almeida. Hoje atirador olímpico, ele nunca negou que seu grande objetivo era disputar os Jogos Olímpicos e voltar com uma medalha. Há alguns anos, quem ouvisse o discurso poderia achar balela. Afinal, quem acreditaria nas chances de um atleta que treina apenas duas horas por dia contra os melhores atiradores do mundo?

As coisas mudaram desde o começo do ano. Em março, já com licença da Força Aérea do Brasil para treinar para Pequim-2008, ele se juntou ao técnico Volney de Mello Filho. Foi a primeira vez que o major-aviador teve tanto tempo livre para treinar. Quando estava em Pirassununga, na Academia da Força Aérea, só podia treinar antes do trabalho. Agora, teve um semestre inteiramente livre para se preparar.

"Evoluí muito nesse período. Foi a primeira vez que tive a chance de só treinar e os resultados do último mês mostraram uma evolução. Meu resultado do Pan, por exemplo, não permitiria sonhar com medalha, mas o que faço hoje, sim. Meus resultados subiram muito, especialmente no ultimo mês", diz o atirador.

O ranking da Confederação Brasileira mostra isso. Na pistola de ar, na qual conquistou a medalha de prata no Pan-Americano do Rio de Janeiro no ano passado, seus melhores resultados são 584 pontos, 583, 579 e 577. Os dois melhores foram obtidos em junho, até hoje a melhor forma da vida do atirador. Na pistola de 50 metros, seu melhor resultado, 556 pontos, também é de junho.

"Olhando o ranking a gente percebe que, nas provas de pistola, os resultados do Júlio tiveram uma subida suave e constante até agora. E ele ainda está subindo. Já estamos na fase de lapidação, ajustando poucos detalhes técnicos, e ele ainda está crescendo. Isso nos deixa muito otimistas para as Olimpíadas", diz Mello Filho, ex-atirador pan-americano, ele é instrutor de tiro da Escola de Educação Física do Exército.

A relação entre os dois, muito mais do que de técnico e atleta, é de companheirismo. Quem assiste ao treino tem a impressão de que Volney está lá muito mais para ajudar Júlio do que para ensiná-lo. Ele faz a contagem para os disparos e, a cada um, cronometra a reação do atirador. Ao invés de falar que ele tem de fazer algo de uma maneira específica, prefere frases como "você percebeu isso" ou "a cadência é essa". No discurso dos dois, a imagem de uma relação igual se mantém.

"Em alguns momentos, ele está atrás de mim, observando, e consegue ver algumas coisas que eu, sozinho, não vejo. Em alguns momentos, eu cometo alguns erros e ele fala 'Olha, você fez isso e aquilo, percebeu?' Às vezes, eu percebi. Mas às vezes não. Então, esse tipo de auxílio é muito importante. A gente troca muitas informações durante todo o treino. Eu aprendi muito e ele aprendeu também", afirma Júlio.

Além de Almeida, o Brasil terá outro atirador em Pequim. O dentista Stênio Yamamoto, que não viajou para Macau. Ele irá se juntar à delegação apenas em Pequim.

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