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Scheidt busca recorde de ouros olímpicos do país

Scheidt busca recorde de ouros olímpicos do país

Veja o perfil do velejador paulista

14/08/2008 - 16h43

Na mesma classe de Grael, Scheidt inicia luta para ser maior medalhista

Bruno Doro
Em Pequim (China)

O paulista Robert Scheidt começa nesta sexta-feira sua luta para ocupar o lugar de Torben Grael nos livros de recordes no mesmo barco que consagrou o veterano velejador. Ele compete na classe Star, na qual Grael conquistou o bicampeonato olímpico e subiu ao pódio quatro vezes - sua quinta medalha foi na classe Soling.

Velejando ao lado de Bruno Prada, Scheidt chega às Olimpíadas de Pequim pela primeira vez sem o favoritismo que costuma vir ao lado de seu nome. Ele deixou a classe Laser em 2006, após conquistar oito títulos mundiais e três medalhas olímpicas, duas delas de ouro. Na delegação brasileira, que está na China - da qual foi porta-bandeira na cerimônia de abertura -, ele é o único que pode se tornar tricampeão olímpico, marca inédita no esporte verde-amarelo.

A dupla paulista está em um grupo de cinco duplas que podem chegar ao título. Em 2007, Scheidt e Prada surpreenderam e, após pouco mais de um ano e meio de dedicação exclusiva à Star, conquistaram o Mundial da Isaf, disputado em Portugal.

O título foi seguido pela vitória na semana Pré-Olímpica de Qingdao, na mesma época do ano e nas águas em que estão sendo disputadas as provas de vela dos Jogos. A adaptação ao local animou os paulistas.

"É muito diferente de todos os outros lugares em que tinha velejado. Mas não é ruim para os brasileiros. A temperatura, o calor e a umidade são parecidos com o Brasil, e o brasileiro tem facilidade de se adaptar", diz Scheidt. "A raia de Qingdao é muito complicada e, com os ventos fracos característicos da região, os diferentes níveis das duplas ficam muito parecidos. Mas eu e o Bruno vamos com tudo para conquistar uma medalha para o Brasil."

Para serem competitivos na China, Scheidt e Prada fizeram uma preparação diferente da do restante do time de vela do país. A maioria dos velejadores viajou para Qingdao há um mês, para treinar com a mesma lua dos Jogos. As marés, alteradas pela lua, serão fundamentais nos Jogos, devido ao vento fraco da área. Ao invés disso, os dois ficaram na Europa.

"Era mais importante manter o ritmo de regata do que ir para Qingdao e não ter certeza de quando poderíamos treinar", diz Bruno Prada, após os problemas com algas enfrentados pelos brasileiros que desembarcaram antes. Para se aclimatar, porém, a viagem foi antecipada. A dupla chegou uma semana antes dos demais membros do time olímpico, com uma arma secreta na bagagem. Nenhum deles quis revelar qual era o segredo.

Especula-se que eles usarão um corte de vela diferente, a exemplo do que times de outras classes estão fazendo. A dupla da Holanda da classe Tornado, por exemplo, inovou com um balão mais estreito, que pode ser usado no contravento - a vela balão é normalmente usada nas pernas de popa, a favor do vento.


Torben Grael

Enquanto Scheidt começa sua busca pelo recorde de medalhas de ouro do Brasil, Torben Grael está muito longe da China. O velejador fluminense (que nasceu no interior de São Paulo por acaso, quando seu pai servia no Estado) é o comandante do Ericsson, barco sueco que dará a volta ao mundo na Volvo Ocean Race.

Grael escolheu o projeto no lugar de uma sétima campanha olímpica. Seu parceiro em três medalhas (duas de ouro), Marcelo Ferreira, tentou a classificação na classe Finn, mas falhou no Pré-Olímpico, que classificou Eduardo Couto.

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