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Campeão mundial e pan-americano, Camilo perdeu a chance do ouro

Campeão mundial e pan-americano, Camilo perdeu a chance do ouro

Campeões Mundiais de 2007 vivem trauma em Pequim

12/08/2008 - 14h46

Maldição dos campeões mundiais recai sobre Tiago Camilo em Pequim

Bruno Doro
Em Pequim (China)

O judô dos Jogos Olímpicos de Pequim já está em seu quarto dia e, até agora, nenhum campeão do Mundial do Rio de Janeiro, no ano passado, confirmou seu favoritismo e conquistou a medalha de ouro na China. Nesta terça-feira, Tiago Camilo foi a vítima da vez.

Melhor atleta do torneio carioca, após vencer seus sete combates por ippon, Camilo era um dos maiores favoritos dos Jogos chineses. Mesmo assim, fez como todos os seus companheiros que entraram no tatame como campeões mundiais: perdeu.

Em suas duas primeiras lutas, Camilo mostrou a mesma boa forma do ano passado. Venceu o japonês Takashi Ono com facilidade depois de jogar o adversário três vezes ao chão. Depois, passou pelo iraniano Hamed Malek, por ippon.

Veio então o alemão Ole Bischof. Medalha de ouro neste terça, o alemão forçou, usando os músculos, seu jogo contra o brasileiro. Tiago aceitou. Quando levou o golpe que valeu o waza-ari, foi derrotado mesmo antes de levar a segunda pontuação que levou Bischof para a semifinal. No fim, ele precisou se contentar com o bronze.

O destino foi o mesmo dos outros campeões mundiais que lutaram até agora. No primeiro dia, a maior favorita da modalidade nos Jogos, a japonesa Ryoko Tani, já tinha experimentado a sensação. Ela é sete vezes campeã mundial e duas vezes ouro olímpico na categoria ligeiro (48 kg), mas caiu nas semifinais, para a romena Alina Dumitru, nova campeã olímpica.

"Foi minha quinta participação nos Jogos Olímpicos e estou muito feliz de conquistar minha quinta medalha seguida. O bronze foi resultado do que eu tinha de melhor para dar e estou satisfeita por isso", disse a japonesa de 32 anos, sem parecer abatida pelo resultado.

Entre os homens, a história foi a mesma. O holandês Ruben Houkes venceu no Rio entre os ligeiros (66 kg), mas deixou Pequim com o bronze, após perder na semifinal para o campeão Min-Ho Choi, da Coréia do Sul. Na China, comemorou o terceiro lugar muito mais do que o título mundial no Rio.

No segundo dia, a vítima foi o gaúcho João Derly (meio-leve - 66 kg), que acabou chorando pela derrota. Bicampeão mundial, ele teve o pior desempenho entre os campeões do Rio: perdeu na segunda rodada, para o português Pedro Dias, derrotado na seqüência, e nem foi para a repescagem. "Não foi o meu dia", justificou o gaúcho.

O título acabou com o japonês Masato Uchishiba, bicampeão olímpico e, curiosamente, freguês do brasileiro. "Desde 2005, quando perdi para Derly (no Mundial do Cairo), nada mais deu certo para mim. Mas em nenhum momento, deixei de acreditar que era um judoca e que poderia ser bicampeão olímpico", contou o japonês.

Entre as mulheres, o título dos meio-leves (52 kg) continuou com a China, mas a campeã foi outra. Junjie Shi não foi selecionada pelos donos da casa e, em Pequim, a campeã foi Dongmei Xian.

Nos leves, um brasileiro acabou com o sonho do sul-coreano Ki-Chun Wang somar o ouro olímpico ao do Mundial. O asiático deixou a luta contra Leandro Guilheiro com suspeita de fratura na costela e acabou derrotado na final por Elnur Mammadli, por ippon no primeiro minuto.

Entre as mulheres (57), Sun Hui Kye, da Coréia do Norte, teve o mesmo desempenho de Derly. Perdeu em sua segunda luta e viu a italiana Giulia Quintavalle ser campeã olímpica.

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