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Mesmo com óculos escuros não há como dispensar a sombrinha

Mesmo com óculos escuros não há como dispensar a sombrinha

Veja fotos dos chineses que cuidam da pele em Pequim

10/08/2008 - 05h17

Chinesas evitam Olimpíada ao ar livre e apelam para sombrinhas, viseiras e luvas

Rodrigo Bertolotto
Em Pequim (CHN)

Não estranhe se nas transmissões ao ar livre das Olimpíadas aparecerem no público muitas pessoas de sombrinhas, viseiras e luvas de manga cumprida. Ou se simplesmente as tribunas sob o sol ficarem vazias, enquanto as pessoas se acotovelam nas áreas sombreadas.

Pele bronzeada na China é algo totalmente desvalorizado, considerado coisa de agricultor, coisa de gente que tem de ganhar a vida na ensolação dos campos. A idéia, que vem dos tempos imperiais quando as mulheres palacianas tinham cor de porcelana, persistiu mesmo nos anos de coletivização comunista e ainda é forte agora, mesmo com a propaganda ocidental vendendo produtos em propaganda com modelos tostadas.

Para se ter uma proporção do valor: dá para contar com os dedos da mão a quantidade de clínicas de bronzeamento em Pequim. E todas elas são freqüentadas quase exclusivamente pela comunidade estrangeira.

Uma prova próxima do costume é minha tradutora, Junna Zhang. Nas reportagens nas ruas, parques ou exigem caminhadas, ela enche o rosto de creme solar e porta incansavelmente um guarda-sol, mesmo nos dias nublados. "Nos dias de folga, fico em casa para fugir do sol", resumiu sua preocupação com a incidência solar.

Pelas ruas, as chinesas erguem suas sombrinhas andando de bicicleta, comendo na rua, tirando foto ou fazendo qualquer atividade que precise as duas mãos. Até quando estão embaixo de árvores, toldos e marquises, elas não abandonam o acessório.

As mais precavidas usam ainda uma viseira que cobre o rosto inteiro, com um plástico escuro para proteger dos raios ultra-violeta. Há ainda senhoras que vestem luvas de lycra que vão até o ombro e saem para os afazeres diários com elas.

"Comprei ingressos para competições em ginásio ou estádios cobertos. Não me arrisco no sol", decretou a torcedora chinesa Li Xiaoxia, na frente do Cubo D'Agua, local de competição da natação. Já na arena aberta do vôlei de praia, em pleno sol, arquibancadas vazias e uns poucos gringos aproveitando o mormaço pequinês.

Os homens têm menos cisma com o astro, mas muitos são vistos com sombrinhas pelas ruas da cidade-sede. Outros se abanam com leques em público, principalmente os velhos. Com as temperaturas rondando os 30º C e a umidade alta do ar, a sensação de bafo na capital chinesa é alta. E todos, além da sombra, buscam ambientes refrigerados.

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