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03/08/2008 - 08h17

Revezamento brasileiro transforma esporte individualista em jogo de equipe

Bruno Doro
Em Macau (China)

O atletismo é um esporte individual por natureza, em que o atleta luta contra sua própria marca. Os velocistas brasileiros, porém, subvertem essa regra. Sem nenhum representante entre os melhores do mundo nas provas mais rápidas, ainda assim o revezamento 4x100 m verde amarelo está entre os mais velozes do planeta.

"No ano passado, no Mundial, terminamos em quarto lugar, mas com um tempo que nos daria a medalha de prata ou de ouro em todos os Mundiais anteriores. Isso mostra que podemos chegar longe. Só precisamos estar focados e acreditar", diz Vicente Lenílson.

O segredo para esse bom rendimento é a superação e uma inovação do técnico Jayme Netto. "Esse time sempre foi muito centrado, movido pela determinação e treino forte. E, claro, temos uma passagem de bastão que hoje é copiada no mundo inteiro. Mas sempre tivemos atletas de muita garra, muita força de vontade, que nunca se intimidou com atleta nenhum", afirma Lenílson, o vovô da equipe, com 31 anos.

Um grupo de seis velocistas está em Macau para a fase de aclimatação da equipe brasileira em Pequim: o veterano Lenílson, Sandro Viana, Bruno Tenório, Rafael Ribeiro, Nilson André e José Carlos Moreira, o Codó. "Nunca tivemos um grupo tão homogêneo. Individualmente, esse time é até melhor do que o do ano passado, quando fomos quarto colocados no Mundial", elogia o técnico Jayme Netto.

No Mundial de Osaka, no Japão, o Brasil foi o quarto colocado com 37s99, usando o quarteto formado por Lenílson, Ribeiro, Basílio Morais e Viana. Do grupo, só Morais não está na equipe para Pequim. O time, porém, tem uma característica que pode incomodar: a inexperiência. Do sexteto que está treinando para correr na China, Vicente e Sandro Viana têm 31 anos, Codó tem 24 e Nilson e Rafael, apenas 22.

"São garotos e mesmo o Sandro também vai para sua primeira Olimpíada. Então, esse é o cuidado maior que eu tenho. Mostrar que Olimpíada é uma competição normal e que nós temos de buscar a nossa superação", diz Netto.

Nesse contexto, Lenílson, medalhista de prata em 2000, usa o que aprendeu quando era ele que estava na condição dos garotos. "Em Sydney-2000, eu tinha apenas 23 anos e hoje sou quase um vovô. Naquela época, o Nei (Claudinei Quirino) me falava que os adversários não eram melhores do que a gente em nenhum sentido. E hoje eu estou tentando passar para os meninos isso. Outras equipes podem estar correndo melhor do que nós, mas não são imbatíveis".

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