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Fabíola Molina melhorou seu tempo, mas segue longe da elite

Fabíola Molina melhorou seu tempo, mas segue longe da elite

Veja fotos dos treinos em Macau

31/07/2008 - 14h15

Diferença na natação internacional diminui e mascara evolução brasileira

Bruno Doro
Em Macau (CHN)

Nas Olimpíadas de Atenas, em 2004, a final dos 50 m livre masculina teve apenas dois atletas nadando na casa dos 21 segundos: o campeão Gary Hall, dos EUA, com 21s93, e o vice Duje Draganja, da Croácia, com 21s94. Quatro anos depois, 15 nadadores chegam para as Olimpíadas de Pequim dentro dos 21 segundos.

Com o nível da natação internacional subindo tanto, a evolução da equipe brasileira acaba mascarada. No feminino, por exemplo, o Brasil manda, pela primeira vez, cinco atletas com índice para provas individuais e ainda equipes completas para os revezamentos 4 x 100 m livre e medley. As finais de Atenas-2004, porém, não devem se repetir justamente pela evolução dos tempos.

Disputando sua segunda Olimpíada, Flávia Delaroli, um dos principais nomes da natação verde-amarela que treina em Macau desde a semana passada para se aclimatar para Pequim, sabe que dificilmente repetirá o oitavo lugar dos 50 m livre. "Eu vou sair muito feliz se melhorar minha melhor marca. E eu preciso disso para sequer pensar em tentar uma semifinal. Uma final, então..."

"A natação brasileira evoluiu muito em pouco tempo. Em 2000, eu fui para as Olimpíadas como a única menina e hoje são cinco classificadas, mais as meninas dos revezamentos. Mas a natação mundial evoluiu muito também. Antes, os 50 m livre tinham só três atletas no nível mais alto, o (russo Alexander) Popov, o Gustavo (Borges) e o Fernando (Scherer). Hoje, você pega os 50 m livre e tem oito meninos nadando no mesmo nível", completa Fabíola Molina, atleta mais experiente da delegação brasileira.

Até mesmo nas provas mais longas, como os 200 m livre, essa subida de nível pode ser sentida. Em 2004, por exemplo, Ian Thorpe foi o único nadador dentro da casa dos 1min44s na prova, vencendo com 1min44s71. O quinto colocado, o australiano Grant Hackett, foi o último na casa dos 1min46s. Em 2008, são 18 atletas nadando nesse patamar - Phelps, porém, segue sendo o único a nadar a distância em menos de 1min45s.

Para o técnico de Thiago Pereira, Fernando Vanzella, o caso do norte-americano é sintomático. "Sempre vai aparecer um cara maluco que vai fazer o que todo mundo achava ser impossível antes. Mas passado algum tempo, tem mais um, dois ou três fazendo esse impossível. E passou mais um pouco, já são dez no grupo. Sempre vai existir um fenômeno como Phelps, mas a galera que está vindo atrás dele, hoje, é muito maior do que antes", explica.

Para tentar entender o fenômeno, os técnicos usam a alta tecnologia. "Os novos maiôs trazem muitos benefícios, mas não é só ele. Nos últimos anos, aconteceu uma evolução significativa de treinamento. Hoje você treina menos metragem, mas com mais certeza do que está fazendo. Antes, se nadava mais volume, só que sem tanta qualidade", diz Vanzella.

Para o técnico Alberto Santos, outro fator que contribuiu para a aproximação das marcas foi o aumento no número de competições internacionais. "O número de campeonatos aumentou muito. Hoje temos o Mundial júnior, o Mundial adulto, que é disputado a cada dois anos e não mais de quatro em quatro anos, temos o Mundial de piscina curta. Com esses campeonatos, a cada dia surge alguém novo. Mesmo se os principais times não estiverem com seus principais nadadores em determinada competição, esse volume de eventos faz toda hora surgir um novo grande resultado. Justamente por isso, é desproporcional a comparação de como éramos antes para o que somos agora", diz Albertinho.

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