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Após 36 anos, Cuba sai sem medalha de ouro no boxe

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26/08/2008 - 13h28

Sem Cuba, Pequim despolariza medalhistas e vê Brasil crescer

Do UOL Esporte

Em São Paulo

Em 2004, nos Jogos Olímpicos de Atenas, os cubanos mostraram porque têm tradição no boxe. Entre as 11 categorias em disputa na modalidade, oito de seus pugilistas desfilaram com uma medalha no peito, cinco deles com a mais gloriosa: a de ouro. O boxe olímpico e a ilha sempre tiveram uma boa história juntos. Pelo menos até as Olimpíadas gregas.

Aquela tradição de sucesso foi trocada por uma delegação cubana renovada, sem nenhum dos campeões olímpicos para defenderem seus títulos. Assim, pela primeira vez em 40 anos, não houve lutadores de Cuba disputando em todos os pesos. A culpa foi do aumento de deserções de lutadores amadores, seduzidos pela carreira profissional. Um dos casos mais escandalosos foi no Pan do Rio, com Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara, que fugiram antes da competição e dias depois acabaram deportados.

Com uma nova e jovem equipe, Cuba chegou à China para tentar comprovar sua hegemonia. Foi em vão. Aquele esporte que lhe rendeu, no total, 63 medalhas, sendo 32 ouros, desta vez não teve nenhum nome na posição mais alta do pódio. Foi a primeira vez desde Munique-1972 que isso ocorreu (os cubanos participaram de boicotes a Los Angeles-1984 e Seul-1988), sendo que quatro lutadores foram derrotados na final.

Rick Bowmer/AP
Washington Silva foi o brasileiro mais bem colocado, parando nas quartas-de-final
FOTOS DAS LUTAS DE WASHINGTON
BRASILEIROS SE DESPEDEM NO BOXE
LEIA O PERFIL DE WASHINGTON SILVA

Com isso, quem esperava abocanhar a liderança foi a Rússia, única a mandar pugilistas em todos os pesos. Também não deu resultado. O país tinha como meta levar cinco ouros para casa, dois mais que em Atenas-2004, e saiu com apenas dois - Aleksei Tishchenko (até 60 kg) e Rakhim Chakhkiev (até 91 kg), somando apenas mais um bronze. O único país a igualar a campanha em vitórias foi a própria China, também com dois campeões: Zhou Shiming (até 48 kg) e Zhang Xiaoping (até 81 kg). Nas outras sete categorias, sete países diferentes triunfaram.

Com isso, a despolarização na distribuição das medalhas foi grande, o que pode gerar novidades para os próximos Jogos Olímpicos, em Londres-2012. Se Cuba pode retomar seu poder, com uma safra mais madura, a Rússia seguirá tentando crescer e a própria China tem chances de ocupar um lugar de destaque, caso mantenha a evolução apresentada nos combates em sua casa.

Entre os medalhistas, o maior destaque foi o russo Aleksei Tishchenko, único a se tornar bicampeão nestes Jogos. Em Atenas, ele conquistou o ouro na categoria pena, de até 57 kg, e quatro anos depois subiu de peso, para os leves (até 60 kg), repetindo a boa campanha. Acabou conquistando o título no duelo com o francês Daouda Sow, por 11 a 9.

Brasil Os pugilistas nacionais puderam comemorar uma boa participação após a fraca campanha de Atenas. Sem serem prováveis candidatos a qualquer das medalhas em disputa, dois dos seis brasileiros na China quase beliscaram um pódio.

A delegação verde-amarela teve seis representantes, um lutador a mais do que em 2004, quando o país teve apenas uma vitória durante todo o torneio olímpico. Desta vez, foram cinco triunfos, um grande crescimento possível principalmente devido à preparação, que incluiu intercâmbios de treinos no exterior e um maior número de competições, dando bagagem internacional aos atletas.

Mesmo que tenha sido difícil classificar a maioria deles - Robenílson Vieira, Myke Carvalho, Paulo Carvalho, Everton Lopes e Robson Conceição garantiram vaga só no 2º Pré-Olímpico, a última chance -, o desempenho foi bom.

Exemplo disso foi a campanha de Washington Silva, nos meio-pesados (até 81 kg). Mesmo com um filho nascido enquanto se preparava para a competição, já na China, e o ligamento cruzado do joelho direito rompido, o paulista conseguiu duas vitórias seguras nas primeiras rodadas e ficou a um triunfo de chegar às semifinais, em que garantiria pelo menos um bronze – não há disputa de terceiro lugar. Acabou derrotado pelo irlandês Kenny Egan, nas quartas-de-final, por 8 a 0, mas saiu de cabeça erguida. “Eu saí sem medalha, mas honrei um trabalho de quatro anos. O esporte é fruto de vitórias e derrotas”, analisou o veterano de 30 anos.

Já o mosca-ligeiro (até 48 kg) Paulo Carvalho alcançou o mesmo resultado. Teve vitórias sólidas contra o marroquino Redouane Bouchtouk (13 a 7) e Manyo Plange, de Gana (21 a 6). No entanto, não teve reação contra a agilidade e a precisão do cubano Yampier Hernandez. Aos 22 anos, Paulo pode até seguir por mais um ciclo olímpico junto à seleção amadora. Seria um dos responsáveis por seguir dando experiência à equipe e, depois de Pequim-2008, fazer o país derrubar um jejum de 40 anos e voltar a colocar as mãos em uma medalha olímpica.

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